Ooi pessoal!
Hoje venho com uma proposta diferente: Ajudar meus amigos que (assim como eu) não tem paciência de ler algumas das obras brasileiras cobradas por professores e nos vestibulares da vida, simplesmente porque eles são chatos demais.
É triste constatar isso, mas pelo menos na minha opinião, a literatura brasileira é decepcionante, excetuando alguns raros autores. Os livros são chatos, frustrantes, antiquados. Até mesmo os de hoje em dia!
Enfim, hoje vou falar sobre 'A hora da estrela', de Clarice Lispector.
Nome: A Hora da Estrela
Autor: Clarice Lispector
Editora: Rocco (mas você encontra em praticamente todas as editoras)
N° de Páginas: 81
Nota: 3 nordestinas
"A nordestina Macabea é uma mulher miserável que mal tem consciência de
sua existência e que, depois da morte de sua tia, viaja para o Rio. Um
romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos
estamos entregues."
Meu Deus nesse livro. Por ser pequeno, é uma leitura rápida e a escrita, leve. O problema é na história, e o jeito como é narrado.
Clarice Lispector se transforma num narrador masculino, que parece ser extremamente frustado e com síndromes do 'mal do século', tipicamente românticos. Parece que o objetivo desse homem é narrar a tal história da nordestina, dando a impressão que é a última coisa que ele irá fazer nessa vida. A leitura é confusa desde o início, só tomando formas lá pela página 40, onde finalmente descobrimos o nome da protagonista (Macabéa) e do seu novo 'namorado' (Olímpico). Mas a autora se perde, divagando páginas e páginas, sobre como irá contar a história... E isso se repete bastante: 'A história que irei contar... Contarei a história'. É muito irritante. Porque ela não conta logo a história de uma vez?
A história de Macabéa parece ser indigna de livro: é a vida que muitas pessoas levavam na década de 70, com a migração dos nordestinos e outros estados longíquos do Brasil. Mas esse é justamente o intuito de Clarice, que à beira da morte percebeu que todo mundo tem uma história que merece ser contada.
Macabéa é datilógrafa, porém quase analfabeta. Mora num quarto, que divide com 4 Marias. Não é bonita, não toma banho diariamente, tem estômago sensível e não liga para si mesma. Isso é mostrado nas conversas que ela tem com Olímpico - sempre quer saber sobre ele, nunca fala sobre si, não sabe quem é. Mas mesmo não ganhando bem, sendo marginalizada pela sociedade, consegue algumas poucas diversões: vai no cinema assim que recebe seu salário, compra dois batons, vai ao porto e fica só olhando os navios, o mar.
O narrador a trata como se fosse uma coitada, simples, um bichinho de estimação. Ás vezes a trata como se fosse real, ás vezes como se fosse ficção. No livro, poucos personagens são marcantes: A tia de Macabéa, que é bastante severa com ela em sua infância; Olímpico, objeto de romance juvenil; Glória, que 'rouba' Olímpico da protagonista, e por isso se sente na obrigação de ajudá-la. Então, indica para a moça uma vidente.
A vidente fala com Macabéa que sua vida vai ser maravilhosa, que vai conhecer um estrangeiro de cor dos olhos indefinida. Menciona que não tem medo de dizer a verdade: fala que a moça que acabou de sair de sua casa estava chorando porque ela - a vidente - tinha lhe predito a morte, falando que ela ia ser atropelada. Macabéa sai da casa da vidente feliz da vida, achando que tudo ia ser uma maravilha agora.
E então é atropelada. Por um carro de luxo. E assim acaba a história.
Observações:
- O livro se passa em 1977, aproximadamente. Vigora a terceira parte do Modernismo.
- Os temas são: pobreza, miséria, uma sociedade corrompida e suja, banalização das coisas.
- Há metáforas, como a do capim e da 'nordestina': A do capim se refere a simplicidade de Macabéa, tão simples como capim... não merece nada além disso. A denominação por 'nordestina' também se deve pela desimportância de Macabéa - ela é tão insignificante que não merece um nome.
- É a última obra de Clarice, publicada no ano de sua morte. Se percebe como ela divaga em algumas partes, falando até mesmo que está cansada e que 'tem que contar essa história', como se fosse o último esforço de vida.
- Clarice Lispector rompeu com a linearidade da estrutura do romance, seus textos baseiam-se no fluxo de consciência (na expressão direta dos estados mentais), na memória. Tempo, espaço, começo, meio e fim deixaram de ser importantes.